Discurso da Sua Excelência, segue em anexo o
teor do assunto em epigrafe.
§ Excelentíssimo Senhor
Primeiro-Ministro;
§ Venerando Senhor Juiz
Conselheiro Presidente do Supremo Tribunal de Justiça e do Conselho Superior da
Magistratura;
§ Excelentíssima Senhora
Ministra da Justiça e demais membros do Governo;
§ Digníssimo Senhor
Procurador-geral da República e Presidente do Conselho Superior do Ministério
Publico;
§ Mui Ilustre Bastonário
da Ordem dos Advogados;
§ Senhores Chefe da Casa
Civil, Conselheiros e Assessores do Presidente da República;
§ Excelentíssimo Senhor
Presidente do Tribunal de Contas;
§ Excelentíssimo Senhor
Presidente do Tribunal Superior Militar;
§ Excelentíssimos
Senhores Embaixadores, Representantes do Corpo Diplomático, Organismos e
Organizações Internacionais acreditados na Guiné-Bissau;
§ Venerandos Juízes
Conselheiros e Desembargadores;
§ Digníssimos
Procuradores Gerais Adjuntos;
§ Meritíssimos Juízes e
Procuradores da República;
§ Senhores Oficiais de
Justiça e Funcionários Judiciais;
§ Ilustres
Representantes de Confissões Religiosas e do Poder Tradicional;
§ Senhores
Representantes das Organizações da Sociedade Civil;
§ Distintos Convidados;
§ Minhas Senhoras e Meus
Senhores.
Estamos aqui, hoje, reunidos em mais uma
sessão solene de Abertura do Ano Judicial. A sessão deste ano é realizada neste
novo e majestoso Palácio, como testemunha este bonito e acolhedor Salão Nobre,
fruto de um louvável gesto de cooperação e amizade entre China e Guiné-Bissau.
Este Palácio, lugar por excelência da
administração da Justiça, é a demonstração que a nobre função jurisdicional das
magistraturas está a ser mais dignificada e prestigiada, graças ao apoio das
autoridades e do Povo irmão da China.
· Senhores Presidentes,
Magistrados, Advogados, Oficiais de Justiça e Funcionários Judiciais,
Esta sessão solene constitui um momento
privilegiado para prestar contas sobre o estado da nossa Justiça. Igualmente, é uma
ocasião para prestar solene homenagem a todos quantos, mulheres e homens da
nossa terra, que, no seu dia-a-dia, trabalham para a afirmação das nossas
instituições de Justiça e para a edificação de um Estado de Direito democrático
na Guiné-Bissau.
Saúdo, assim, todos os Advogados, funcionários
judiciais e, em especial, o nobre corpo da Magistratura Judicial e do
Ministério Público.
· Venerando Presidente
do Supremo Tribunal de Justiça,
A Justiça, enquanto actividade fulcral
do Estado, deve constituir-se num elemento de integração e factor de coesão
social no nosso país. O sistema judicial é o garante da autoridade do Estado, ao
qual compete assegurar o efectivo exercício de direitos e garantias de todos os
cidadãos.
É nosso profundo entendimento que, só
com a boa administração da Justiça, através da resolução atempada dos litígios
e da afirmação permanente da autoridade do Estado, o nosso país conhecerá muito
brevemente melhores dias e, sobretudo, garantir:
§ maior segurança de
pessoas e bens;
§ mais transparência e
igualdade de oportunidades;
§ mais paz social e
coesão nacional, bem como;
§ maior confiança dos
cidadãos no Estado e nos seus legítimos representantes.
· Minhas Senhoras e Meus
Senhores,
Os desafios que enfrentamos hoje impõem
que tenhamos consciência clara das imensas virtudes que uma boa administração
da Justiça pode proporcionar ao nosso Estado e ao nosso Povo.
Quanto maior é o esforço e sacrifícios
exigidos aos nossos concidadãos e quanto maior são os compromissos assumidos
hoje em nome do Povo guineense, maior e melhor deverá ser a responsabilidade do
nosso poder Judicial. Pois, o nosso tempo é um tempo de enormes desafios, um
tempo para mais trabalho, muito trabalho e melhor trabalho. Por isso, também,
deve ser um tempo de melhor Justiça, mais transparência e, ainda, muita
equidade.
Estou certo e convicto que, hoje mais do
que nunca, o nosso poder judicial saberá estar à altura dos desafios colectivos
que o País enfrenta, convocando todos para uma acção proactiva, responsável e,
sobretudo, imbuída de um profundo sentido de serviço público.
· Minhas Senhoras e Meus
Senhores,
Determina a nossa Constituição da
República que, «Os tribunais são órgãos de soberania com competência para
administrar a justiça em nome do povo». Este nobre comando constitucional
lembra-nos que o nosso sistema de justiça não existe para si próprio, mas para
servir os cidadãos.
Permitam-me, assim, dirigir uma palavra
ao povo guineense, em nome do qual a Justiça é administrada e porquanto
verdadeiro destinatário da actividade judicial.
Como Primeiro Magistrado da Nação,
aproveito esta ocasião solene de Abertura do Ano Judicial para apelar a todas
as cidadãs e a todos os cidadãos para que acreditem nas nossas instituições de
Justiça.
De igual modo, exorto a todas e a todos a recorrerem aos
tribunais em busca da Justiça contra a injustiça que, porventura, lhes esteja a
ser imposta. Sobretudo, que tenham confiança que os nossos tribunais e
respectivos magistrados saberão, com total independência e rigor, estar à
altura de administrar a Justiça, apenas de acordo com a lei e a própria
consciência.
Contudo, convém aqui realçar que em
regimes onde impera a democracia constitucional, é consensual que nem todos os
adventos da nossa vida colectiva têm nos tribunais a sede própria para sua
resolução.
É certo que por vezes é difícil traçar
com nitidez a fronteira entre a função política, administrativa ou
jurisdicional, mas isso não significa que nos devemos abster de proceder a essa
destrinça, destrinça essa, aliás, imposta pelo princípio da separação de
poderes constitucionalmente consagrada.
É preciso estarmos atentos à tendência
cada vez mais comum de tentativa de judicialização de matérias de cariz
eminentemente político, com a finalidade de obter ganhos imediatos, pelo que os
tribunais não devem servir de instância de recurso para obtenção de resultados
que deviam ser assegurados no campo político.
Esta tendência pode ter como
consequência a politização do poder judicial, o que a acontecer constitui um
risco sério para a garantia de subsistência das nossas instituições
democráticas.
Nós, enquanto actores políticos, temos
que ser capazes de encontrar solução para as dificuldades e problemas que
criamos, ao invés de empurrar a responsabilidade para o Poder Judicial. Aos
políticos o que é político, aos tribunais o que é judicial!
Contudo, a manifestação destas
preocupações não nos desobriga do cumprimento das decisões dos tribunais.
Como certamente ainda devem ter
presente, eu, enquanto Chefe de Estado, julgo ter dado o primeiro exemplo, ao
aceitar imediatamente o acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, abstendo-me de
qualquer consideração em relação ao seu mérito.
Limitei-me simplesmente a cumprir,
porque, por um lado, as decisões dos tribunais têm força obrigatória geral e,
por outro, queria dar um sinal inequívoco à nossa sociedade que, durante a
minha magistratura, ninguém deve ou pode pretender estar acima da lei. A
Justiça, presumindo-se cega, deve ser o porto de abrigo de todos os cidadãos,
sem qualquer discriminação fundada na raça, religião, sexo, estrato social ou
função que exerce no aparelho do Estado.
Se hoje se tolera, com silêncio
conivente, que alguns não cumprem decisões judiciais, será amanhã exigível que
outros sejam obrigados a cumprir decisões judiciais com as quais não concordam?
Se o Presidente da República se submete
à decisão dos Tribunais, ninguém, mas rigorosamente ninguém pode obstruir a
realização da Justiça, desrespeitar, desobedecer e não acatar a decisão dos
tribunais, independentemente da sua jurisdição ou instância.
Cabe, assim, em primeira linha, aos
magistrados, protagonistas diários na administração da nossa Justiça,
contribuir para que deixem de subsistir algumas suspeitas e dúvidas em torno da
Justiça no nosso país.
Com efeito, importa transformar a nossa
Justiça em algo que, de facto, pode guiar as nossas decisões e melhorar as
nossas vidas, porquanto verdadeiramente isenta, transparente e igual para
todos, quer em Bissau, no interior do país ou nas ilhas.
Entendo que, a Justiça apenas deixará de
ser por completo um ideal na Guiné-Bissau quando estiver ao alcance de todos os
filhos e filhas desta Pátria de Amílcar Cabral e demais Combatentes da
Liberdade da Pátria.
· Minhas Senhoras e Meus
Senhores,
É em nome de todos os guineenses, que
aspiram por mais Justiça, muita Justiça e melhor Justiça, que formulo votos que
a actividade jurisdicional durante o ano que ora se inaugura seja bem-sucedida.
Para terminar, quero aqui reafirmar a
minha confiança na independência do Poder Judicial, porque acredito no
funcionamento da Justiça na nossa terra, razão pela qual jurei cumprir e fazer
cumprir a Constituição e demais leis da República.
Desejo a todas às Senhoras e Senhores
Meritíssimos Magistrados, Distintos Advogados, Oficiais de Justiça e
Funcionários Judiciais, um Bom Ano Judicial.
Declaro aberto o presente Ano Judicial!
Que Deus abençoe à Guiné-Bissau e ao seu
Povo!
Muito Obrigado!
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