SOLUÇÃO
FINAL – 6
PRS – PARA
FAZER A DIFERENÇA
Na
Guiné-Bissau, a designação “Partido”, sem a devida descriminação, refere
obviamente ao PAIGC, em virtude de ter sido a única formação política existente
e de ter dirigido o País,
ininterruptamente e muito mal, durante um longo período de 18 anos, após o fim
da Luta Armada de Libertação Nacional. Na perspectiva dos seus fundadores, a
definição “Partido” encaixava-se na perfeição (isto porque Amílcar Cabral, Luís
Cabral, Aristides Pereira, Fernando Fortes, Júlio de Almeida e Eliseu Turpan,
presentes no acto, preconizavam os mesmos objectivos e partilhavam a mesma
ideologia política, assentes numa visão estratégica similar para o futuro dos
nossos Países (a Guiné e Cabo-Verde).
Entretanto,
falhado o objectivo inicial de conquistar a independência pela via pacífica,
para fazer face às exigências impostas pela nova fase de resistência à
dominação colonial (transição da cidade para o campo, mobilização dos
camponeses e o eclodir da própria Luta Armada), o PAIGC foi obrigado a
abandonar a sua essência pequeno burguesa e a transformar-se num Partido de
Massa, abrindo as suas fileiras à todos os quadrantes da sociedade e passando a
definir-se como um Movimento de Libertação Nacional, características que
continua a manter, consolidar e aprofundar ao longo destes 43 anos de
independência, afastando-se cada vez mais dos ideais dos seus fundadores, que,
reconhecendo os imperativos históricos-conjunturais dessa mudança, nunca
abandonaram o projecto político e organizacional que esteve na génese da sua
fundação (fazer do PAIGC um Partido Político de facto, através duma rigorosa
selectividade e permanente formação política e ideológica dos seus Quadros e
militantes), à semelhança do que se passa com o MPLA-PT (Angola) e a FRELIMO
(Moçambique).
Cientes
do importante papel que, impreterivelmente, esta formação política seria
chamada a desempenhar no processo do desenvolvimento socioeconómico do nosso
País, em virtude de ter organizado e realizado com sucesso a luta que culminou na
independência nacional, Num contexto político unipartidário, em que o PAIGC era
um Partido-Estado, os seus líderes deviam consciencializar-se das prementes
necessidades de adaptá-lo as novas exigências inerentes ao contexto histórico
imergente dos escombros da Luta Armada de Libertação, torná-lo mais eficiente,
melhor organizado através da coesão e fortalecimento das suas bases, recorrendo
a uma selecção mais rigorosa no processo de admissão de novos militantes,
implementando a democracia interna e apostando fortemente na formação e
integração de Quadros nas suas fileiras, recorrendo essencialmente aos
destaques da sua Organização Juvenil, para colmatar as lacunas que naturalmente
iam sendo deixadas pelos mais velhos, que dignamente já tinham dado tudo o que
tinham para dar ao seu Partido, ao seu País e ao seu povo, na certeza de que,
da excelência da sua organização (do PAIGC), dependeria a organização e a
eficácia do funcionamento do aparelho do Estado que este Partido representava,
assim como de toda a sociedade guineense.
Entretanto,
contrariando as expectativas, o PAIGC que há 60 anos atrás nasceu “Partido”,
acabou por se transformar num caótico Movimento de Libertação em que só 10% dos
seus militantes alguma vez leram parte dos seus Estatutos (conjunturalmente e
por conveniência própria); só 5% percebeu minimamente o seu conteúdo; só 2%
falam com base nesse conteúdo; 98% dos militantes só se sentem motivados pela
alínea b) do Artigo 14º (eleger e ser eleito aos órgãos do Partido), que se
transformou num grande negócio (negociar o seu voto (receber subornos) para
eleger ou ser eleito para traficar influência e resolver os seus problemas
pessoais e familiares) e são completamente alérgicos às alíneas g) e h) do
Artigo 15º, que exortam ao seguinte: (melhorar constantemente a sua
qualificação técnica, científica e cultural) e (elevar o nível da sua formação
política e ideológica, esforçando-se por aprender e aprofundar, de forma
crítica, o legado teórico de Amílcar Cabral), respectivamente.
O
próprio Presidente do PAIGC, o Eng.º Domingos Simões Pereira, durante as
últimas eleições gerais, num gesto político inédito, movido por sentimentos de
amizade, violou flagrantemente os
Estatutos do seu Partido, quando decidiu simplesmente ignorar as suas alíneas
k) e p) do Artigo 15º para manifestar o seu apoio e apelar os seus seguidores à
apoiarem o candidato Presidencial independente Paulo Gomes, em detrimento do
Candidato indigitado pelo Partido que lidera. Como podem constatar, é assim que
as coisas funcionam no PAIGC – cada um
com cada qual. E a nossa sociedade funciona exactamente à sua imagem (uma sociedade mergulhada na corrupção,
imoralidade, cobardia, mentira, inveja, oportunismo, trafulhices, feitiçaria,
poligamia, filharada, intriga e demais factores estimulantes desta maldita
pobreza em que estamos mergulhados), onde tudo acontece e pode acontecer:
“Graças
ao PAIGC e aos valores por ele inculcados à nossa sociedade, a Guiné-Bissau é
certamente o único País do Mundo, onde existe a escolaridade mínima obrigatória
(a 4ª Classe) para obter uma carta de condução, enquanto que o Deputado da
Nação que aprova a Lei que define os requisitos para a obtenção da carta de
condução ou mesmo o Ministro de Estado que com a sua assinatura (a única coisa
que aprendeu a fazer) valida as cartas de condução, são iletrados (analfabetos)”.
Doka
e a sua equipa não acreditam que internamente, os Partidos Políticos guineenses
representados na Assembleia Nacional estejam tão carentes em Quadros com
capacidades para assumir a liderança do País, tendo que recorrer à figuras
independentes, cujo interesse pelo País se manifesta exclusivamente nos períodos
eleitorais, como é o caso do Sr. Paulo Gomes, Raimundo Pereira e Companhia Lda.,
que só na qualidade de Presidentes da República ou Primeiro-Ministro se
disponibilizam a regressar ao País e contribuir para o bem-estar do seu povo;.
Doka
e a sua equipa, evidenciando as suas reconhecidas qualidades de observadores
políticos atentos e baseando-se numa análise sintética das movimentações
políticas que se fazem sentir nos bastidores, descartam quaisquer hipóteses de
Sua Ex.ª o Presidente da República, Dr. José Mário Vaz (JOMAV) nomear o Sr.
Paulo Gomes Primeiro-Ministro da Guiné-Bissau, por razões óbvias que passamos a
enumerar:
Foram
adversários durante as últimas eleições presidenciais, o que significa que não
partilham a mesma visão estratégica para o País. Além disso, a intrínseca
proximidade do Sr. Paulo Gomes com Domingos Simões Pereira, retira-lhe o voto
de confiança do Presidente. Portanto a sua nomeação ao cargo de
Primeiro-Ministro significaria nada mais e nada menos que semear uma nova
tempestade nas relações entre o Governo e a Presidência da República;
Essa
nomeação nunca obteria o consenso do Partido de Renovação Social (PRS), a
Segunda Maior Força Política Nacional e a que está melhor preparada para
assumir a liderança do País e dar provas da sua indiscutível capacidade de
gestão socioeconómica da Pátria de Amílcar Cabral. E para que isso não
aconteça, Domingos Simões Pereira e a sua quadrilha são capazes de recorrer
inclusive à figura do diabo;
O
Sr. Paulo Gomes é muito arrogante e não vai aceitar o cargo, para não ter que
se despachar com o actual Presidente da República, cuja imagem tudo fez para
denegrir ao nível da nossa Sub-região. Entretanto obedecendo à uma estratégia
de longo prazo, Domingos Simões Pereira tudo faria para o convencer a militar
no PAIGC e a aceitar o cargo que lhe permitiria manter contacto com os Líderes
Mundiais e veicular a mensagem que mais lhes convêm, além de utilizar os
recursos do Estado para promover e fortalecer o Poder e a imagem do PAIGC e do
seu Presidente, assegurando assim o apoio desta formação política nas próximas
eleições presidenciais;
As
eleições legislativas que determinam a escolha do Primeiro-Ministro, são
eleições puramente partidárias e a consensualidade no que se refere a escolha
duma figura para chefiar o Governo, deve ser encontrada, exclusivamente, no
seio dos Partidos com assento parlamentar. Portanto a nomeação do Sr. Paulo
Gomes ou Sr. Raimundo Pereira de outras personalidades que se encontram nas suas
condições, Sr. Presidente da República, É
SIMPLESMENTE IN-CONS-TI-TU-CIO-NAL.
Sua
Ex.ª Sr. Presidente da República da Guiné-Bissau, Dr. José Mário Vaz, o
Congresso de Cacheu colocava perante os seus Delegados um dilema muito
importante que consistia no seguinte:
Eleger
para Presidente do Partido (PAIGC) e consequentemente futuro 1º Ministro do
País, um Candidato super inteligente (que sabe tudo, tudo, tudo e mais alguma
coisa), mas muito arrogante e rancoroso, incapaz de dialogar com os seus
parceiros e consequentemente incapaz de constituir um Governo coeso e
funcional. Estamos s falar do Candidato Domingos Simões Pereira;
Eleger
para Presidente do Partido (PAIGC) e consequentemente futuro 1º Ministro do
País, um Candidato ordinário, à semelhança de qualquer um de nós, que sabe o
que sabe, não quer e nem sequer necessita de saber tudo, na medida em que
existem outras pessoas portadoras de outros saberes e valências, mas que pela
sua humildade, simpatia e facilidade no relacionamento político e social,
consegue falar com toda a gente e pôr toda a gente a trabalhar harmoniosamente
em prol do desenvolvimento socioeconómico do nosso País. Neste caso concreto,
estamos a falar do Candidato Braima Camara.
Sr.
Presidente, por razões óbvias, o primeiro variante não deu certo e neste
momento estamos ancorados no meio do nada absoluto. Resta-nos contornar com
sabedoria as guerrinhas pelo Poder, inerentes a estas situações e avançar com
coragem e determinação para a implementação do segundo variante, com Braima
Camará a chefiar uma Coligação Governamental, constituída essencialmente por
Quadros GUINEENSES afectos ao Partido de Renovação Social (PRS).
NOTA:
Quando se fala do PRS, perece que estamos a falar de habitantes de outra
galáxia. Por isso fiz questão de utilizar e salientar a palavra “guineense” e
com letras maiúsculas.
DILEMA: “O saber não ocupa espaço” ou “Há
sempre espaço para novos saberes”?
UM ABRAÇO ESPECIAL.
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